Aviso aos vegetarianos da Vila Olímpia

Senhoritas e senhoritos,

Encarar o vegetarianismo, acima de tudo, é manter vivo o caráter investigativo. Qualquer informação pela metade pode significar o consumo enrustido de carne e derivados. Hoje, fomos almoçar em um “restaurante” chamado O Santo Sanduíche, aqui na rua Ramos Batista, na Vila Olímpia. Era uma opção interessante, pois na fachada, apesar da aparência medonha do banner, o lugar anunciava sopas servidas no pão italiano. Opa! Gostei. Dia frio, cinzento e a procura por algum conforto. Nos mobilizamos no trabalho e chegamos cedo para conseguir uma mesa para cinco pessoas. Deu certo, mesmo sentados na parte externa e gelada do restaurante.

“Sopas no pão italiano: informe-se sobre as opções e os preços.”, dizia no cardápio. Depois de muito esperar, a Carol foi atrás de alguém para fazer nossos pedidos. Fomos atendidos por uma simpática e ignorante pessoa. No começo, fiquei entusiasmado pela variedade de sopas “sem carne”, até descobrir que TODAS elas levavam caldo de galinha na sua composição. Ao questionar a garçonete sobre a utilização desse tipo de recurso primário e dispensável na culinária – ainda mais, quando falamos de um restaurante – ela me respondeu: “Sinhôr, si num tem carni, vai temperá cunquê?”. Respirei fundo e respondi olhando nos olhos: “eu posso citar, pelo menos, mais de 10 temperos que poderiam ter sido utilizados em cada uma dessas sopas, sem sair do território nacional. Se você achar que pode ajudar a cozinheira desse lugar a ampliar os horizontes, ela pode vir aqui falar comigo e eu faço a gentileza de passar algumas dicas.” A garçonete ficou sem graça e anotou meu frustrado pedido: um sanduíche de queijo branco, tomate seco e molho de alcaparras servido em forma de “churrasquinho”. Uma ofensa! Mal feito, horroroso, de total mal gosto. Não havia nada naquele sanduíche que pudesse ser salvo. Além de estar longe de ser considerado uma refeição, foi servido com uma salada medíocre de folhas de alface, croutons e um molho pronto de parmesão dos mais vagabundos que se pode imaginar.

Em resumo, gente amiga, é uma grande bosta. Uma farsa direcionada aos medíocres, feita por mãos relaxadas e sem repertório. Aos que quiserem se safar de uma experiência execrável, não apareçam nesse lugarzinho mofado e sem referência.

 

A porcaria tem nome: O Santo Sanduíche.

Sanduíche sem nome

Ideias em dias ensolarados, de grama, de pano, comida, mato e queridos.
Café, doce de uva, suquinho. Violão do primo e do amigo, mãe do amigo, filha da outra amiga, amigas minhas agregadas e as protagonistas da novela “A colona e a nipônica”. Tudo perfeito no parque.
Por um tempo antes, plano. Preliminares perfeitas, de pique-nique. Passando café, cortando legumes, mexendo batata salsa na panela, misturando limão siciliano com azeite. Das mãos da Vanessa saíram sanduíches capazes de fazer duendes se revelarem no parque pra roubar um da cesta. Ou toda a cesta. Deu tão certo que seria uma gafe tremenda não postar aqui a receita.
Sanduíche Sem Nome da Vane

O que vai?
– Purê de batata salsa (mandioquinha ou batata baroa, depende do chão que estiver pisando). Aqui você amassa a dita batata salsa cozida com um pouco do próprio caldo, azeite de oliva extra virgem e sal;
– Fatias de abobrinha sapecadas com um fio de azeite;
– Tomates maduros e frescos, em fatias também;
– Molho de azeite, alho e limão siciliano, claro, toca sal e pimenta nessa mistura;
– Pão francês. A marida sugere preto. Pão preto (obviamente vegano, nai, Vanessi?)
Como montar?
Abra o pão, passe uma generosa camada de purê, acrescente fatias da abobrinha sapecada, fatias de tomate e o tal molho de limão. Tá pronto. Fica cremoso, colorido, com texturas diferentes… tem que provar!
Gosto do jeito dela cozinhar.
Depois de muito enrolar e comer sanduíches e ficar de papo na bancada da cozinha, perdemos parte da tarde, mas pegamos um sol gostoso e ficamos cultuando o ócio junto com bons amigos. Pinotes e manifestações de yoga e kung-fu tornaram a tarde ainda mais pulsante e divertida. Adoro aqueles dias ensolarados em que estou mais empolgado que as crianças. Parece que a vida passa em outro tempo. Quando falo de outro tempo, é outro tempo mesmo. Não tem relógio, é uma tacada de nostalgia que nasce da euforia dos pulos e da comida gostosa misturada com o verde e com nome de pique-nique. Dá pra imaginar domingo melhor?
Som que retrataria a tarde.

There’s too much to love, Belle and Sebastian.



Uma delícia que saiu do cardápio

O Bar Leblon foi uma descoberta bacana de não muito tempo. Acabou se tornando o ponto de encontro com Vavá, uma amiga gaúcha que vive na ponte aérea Porto Alegre / São Paulo. Na primeira vez que fomos, experimentei um sanduíche de bacalhau servido na broa de milho, com azeitonas pretas, palmito e temperos frescos. Delicioso e criativo como poucos.

Hoje, fomos até lá só por causa do dito sanduíche. Foi motivo pra Vavá e eu darmos um ponta-pé na saudade da gente e da “iguaria” do bar Leblon. Marcamos 20h30. Cheguei atrasado e fui recebido com a triste notícia de que o sanduíche havia sido tirado do cardápio. Coisa feia, minha gente! Se não fosse toda a agilidade da mulher brasileira: Vavá já havia conversado com o garçom, que foi o rei do bem servir, indo até a padaria mais próxima tentar achar a broa de milho e servirem o santo sanduíche pra gente. Salve Reinaldo! Conseguiu a broa e nos serviu o sanduíche com toda gentileza que se pode esperar de um bom garçom. Adorei!
O Bar Leblon fica na Bela Cintra, 483. Se você puder, dê um pulo lá e faça um movimento pelo sanduíche de bacalhau do Leblon. É delicioso, mas exótico a ponto de poucos pedirem. Você não vai se arrepender, te garanto!
Ao pessoal do Leblon, por favor, considerem a volta do sanduíche. Sem dúvida, uma boa assessoria de imprensa e alguma divulgação interna, vai ajudar as pessoas a perder o medo de pedir algo diferente de frituras.