Rigattoni ítalo-nipônico

É pessoal, engordar é uma arte! Nesse feriadão de Páscoa, me atirei de cabeça no maravilhoso mundo dos carboidratos, ressurgindo com toda a culpa cabível nessa segunda-feira de reflexão sobre as proporções do meu corpo. Um dos vilões foi um rigattoni de shimejis com azeite de ervas finalizado com pesto de salsa. Isso mesmo! Uma selvageria sem tamanho! Não comemos de joelhos porque a casa estava imunda, porque ao contrário, teríamos nos atirado sem medo no chão dessa casa.

Aconteceu assim: fervi a água com galhos brutos de louro e salguei como se fosse água do mediterrâneo. Numa panelinha singela, em fogo baixíssimo, cozinhei lentamente alguns dentes de alho cortados pela metade imersos em uma generosa quantidade de azeite extra virgem, junto com folhas de louro, osmarim, salsa e cebolinha frescas, sal e pimenta jamaica. Enquanto cozinhava na velocidade de uma lesma (sim, precisa ser em fogo bem baixo pra não saturar o azeite), fritei os shimejis com azeite, osmarim e cebolinha, já salguei pra eles soltarem bastante líquido, o qual misturei com o azeite de ervas. Quando os shimejis ficaram bem dourados e salgadinhos, dei um banho de mirin (saquê para cozinhar) e deixei dar uma secada de leve até o álcool evaporar e os shimejis absorverem o sabor do saquê. No final, misturei o azeite de ervas com os shimejis e remexi com os rigattonis cozidos al dente.

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Pra arrematar em alto estilo, fiz um pesto de salsa super simples e delicioso: um maço de salsa fresca, um dente de alho, o suco de um limão siciliano, sal, pimenta, azeite extra virgem a dar com pau e avelãs tostadas. Bati tudo no liquidificador e fui ser feliz!
Tente fazer em casa!

Importante: Não costumo dar quantidades das receitas, porque acredito que comida é feeling. Encaixotar as quantidades é o primeiro passo pra receita não ficar tudo aquilo. Prefiro dar noções e deixar o amor pelos sabores se manifestar em algo quase transcendental.

2011 começou aqui em casa

Cheguei em casa animado, depois de uma temporada de férias no Sul. A cozinha fora de casa é sempre uma dificuldade para vegetarianos. Existe o esforço constante da minha família, mas um repertório pouco vasto, em função da alimentação que a sociedade tradicional nos ensina.

Os passos foram poucos.

1. Assisti a um filme horrível e decidi passar no mercado para garantir a sobrevivência dos dias antes da feira.

2. Abri a porta depois de um banho de chuva. Sacolas e boa vontade nas mãos.

3. O pé de manjericão estava caído, de tão grande. A raíz estava sendo arrancada pelo peso dos galhos e folhas. Fui obrigado a podá-lo.

4. As folhas mais tenras já vistas em minha cozinha me levaram ao melhor pesto. Uma a uma, lavei-as e tirei seus talos, para evitar o gosto amargo no molho.

5. Quebrei as cascas das macadâmias com martelo e as tostei em uma panela.

6. Bati as folhas tenras do manjericão e as macadâmias tostadas com azeite extra virgem, um dente de alho, sal e pimenta, no liquidificador.

7. Levei o molho ao fogo baixo até que mudasse de textura e a cor assumisse um tom quase fluorescente e levemente escuro.

8. Marinei tomates maduros no tempero de limão siciliano.

9. Cozinhei meio pacote de bavette em chá de flores de manjericão, louro, pimenta e sal.

10. Misturei tudo e me atirei de cabeça na primeira refeição de 2011 feita em minha casa.

Apoteose gustativa. Dedicação honesta quase sempre resulta em orgasmo.