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A miséria não mora aqui

A miséria não mora aqui

Quero pedir plenas desculpas para quem passou a noite no miojo. A partir de uma simples imagem, espero aguçar a imaginação dos que não conseguem visualizar o que um vegetariano pode comer fora do território do feijão, arroz e alface. Quero dizer, sem humildade, que o jantar foi maravilhoso!

Bife de soja marinado no caldo de aspargos e ervas, tostado no azeite com tomilho fresco e banhado no mirin e, finalmente, mergulhado em um molho branco estupendo feito de cebolas tostadas com ervas frescas e lâminas de alho ao creme de castanhas de cajú. Para dificultar ainda mais a situação, aspargos totados no azeite com sal grosso. Tomatinhos em lâmina para dar a refrescância devida.

Tentem fazer em casa e, se ficar como o meu, caiam de joelhos em câmera lenta.

Jantar luxo

É triste ser fino, minha gente. Tive uma semana realmente dura. Trabalho em doses cavalares, problemas em casa, na família, com amigos, notícias desconfortáveis… um verdadeiro nocaute para qualquer ser humano. Hoje, mais um dia cheio e a perspectiva de acúmulo de trabalho. Em resumo, meu saco encheu. Chegou no fim do dia e tudo que eu queria era algum prazer, sentir um sopro de vida e esperança no meio do furacão que rodeia essa carcaça exausta. Pra isso, nada melhor que um pouco de intimidade e boa comida. Num lampejo de pró-atividade, me lancei de pé e fui pra cozinha. Decidi fazer algo de diferente, algo gourmet, digno de regozijos e grunhidos.

Selecionei alguns legumes na geladeira e lembrei de uns escalopes à base de glúten e soja que a Vanessa comprou na Loving Hut, uma multinacional vegana que tem feito coisas gostosas. Abobrinhas, couve-flor, tomatinhos pêra (é o jeito que os feirantes chamam), cebolas pequenas cortadas em quatro e uma bela combinação de tomilho e louro frescos, raiz de cebolinha, flor de sal e um mix de pimentas (jamaica, branca e do reino) moído na hora para abraçar esses ingredientes. Coloquei tudo em uma travessa e deixei essa delícia dourada e brilhosa penetrar nos vegetais por um tempinho. Fiz o mesmo com os escalopinhos e tratei de esquentar a panela.

Em paralelo, meu homem seguia as orientações do titio cremoso e preparava o maravilhoso molho de mostarda que deu o acabamento do prato. Você coloca umas duas colheres de açúcar numa cumbuca com um tantico de água, até virar uma “caldinha”, sem deixar aguado demais, leva no microondas por um minuto, tira e mistura umas três colheres de mostarda em grãos, folhas de tomilho fresco, flor de sal e bastaaaaante azeite extra virgem. Misture, misture, misture até virar uma gloriosa emulsão dourada. Vai ficar mais doce que salgado, ácido, intenso, maravilhoso. Leve os legumes pra panela, menos os tomatinhos, pois você vai serví-los frescos, cortados na diagonal em três partes, no meio de todas essas delícias queimadinhas e com aroma de ervas. Inacreditável.

Sirva tudo organizadinho num prato grande e cubra o escalopinho com o molho de mostarda. Acenda velas e sirva alguém que você ama. Comecei pelo mais delícia do pedaço e terminei tendo outros deleites cozinhando novamente para a mais pecaminosa e sedutora moradora do local, que até preparou sanduíches com pães tostados na panela e esses quitutes para levar de almoço no programa cultural que vai tomar seu sábado de neo aleluia. Puro sucesso!

Extravagância do azeite

Todo mundo tem algum assunto na vida que mexe com as entranhas, de um jeito que te faz efervescer como se fosse uma criança abrindo os presentes de Natal. Eu sou assim com azeite. No sábado, estávamos resolvendo algumas coisas no Eldorado e decidimos dar uma passada no Carrefour, pois, de vez em quando, eles colocam o azeite Verdenso em promoção. Geralmente, garrafas empoeiradas que ninguém compra, mas que a gente adora. É o melhor azeite de todos, na minha opinião e na da minha marida. Não tem filtragem, então, acumula resíduos da polpa da azeitona no fundo da garrafa que, quando agitada, torna o azeite turvo de uma maneira que torna incapaz de ver a luz passando por ele. É extraordinário!

Dessa vez, foi uma verdadeira indecência. Encontramos garrafas de 500ml por R$ 9,80. Sugeri: Vane, vamos levar 6 garrafas, já que estamos aqui. Não, melhor 8! Interrompi a mim mesmo.

Fui agitado em busca de um carrinho pra acomodar aquelas garrafas maravilhosas. Sorria como uma criança alterada por uma surpresa das boas. Voltei correndo empurrando o carrinho e pensando que não seria nada mal levar 10 garrafas de uma vez. Cheguei ofegante: Vane, Vane, vamos levar 10 garrafas! 10 garrafas! Isso é um achado! Ela me olha com uma expressão de aprovação e fala, balançando a cabeça lentamente: bicha, a senhora tirou as palavras da minha boca.

Os azeites estavam na primeira prateleira, bem embaixo. Me joguei de joelhos e comecei a colocar as garrafas no carrinho como um desesperado. Quando contei 10, vi que ficou apenas uma na gôndola. Senti como se deixasse um filho desamparado lá, vendo os irmãos sendo levados embora para sempre. Não pude me conter e levei a décima primeira garrafa.

Saímos saltidando, empurrando aquele carrinho cheio do que consideramos ser uma das melhores compras do Brasil naquele momento e a Vane pôde testemunhar uma manifestação rara e totalmente afetada de minha parte, que segui como um abobado rindo sozinho por todo o caminho até em casa. Fomos ouvindo Patsy Cline, ouvindo a chuva cair e cuidando com os buracos que o Kassab não tapou, pra não quebrar nenhuma garrafa.

À noite, fizemos uma orgia gastronômica para dois amigos, a qual me roubou todas as forças pra qualquer perspectiva de viver a vida fora de casa. Fizemos uma fornada que envolveu uma série de delícias: batatas com alecrim, tomates com salvia, dois potinhos com tomates cerejas, um com louro e outro com osmarin. Além disso, o maravilhoso alho assado com louro e cardamomo. Na parte de cima do fogão, espaguete com pesto de salsa e shitakes tostados. Pra fechar o desbunde, servi uma ganache feita com chocolate belga, creme de castanha de caju e vinho do porto. Arrancamos gemidos e elogios do início ao fim do jantar, mas fomos atacados por três garrafas de vinho, que nos rendeu conversas e derretimento absoluto no sofá. Nada poderia ser melhor naquele momento. Tudo por conta da feira imperdível do CEAGESP e o inacreditável achado dos azeites. Quando menos me dou conta, vou até a cozinha e dou mais uma admirada nas garrafas. Fazer o que? Cada um com suas loucuras.

2011 começou aqui em casa

Cheguei em casa animado, depois de uma temporada de férias no Sul. A cozinha fora de casa é sempre uma dificuldade para vegetarianos. Existe o esforço constante da minha família, mas um repertório pouco vasto, em função da alimentação que a sociedade tradicional nos ensina.

Os passos foram poucos.

1. Assisti a um filme horrível e decidi passar no mercado para garantir a sobrevivência dos dias antes da feira.

2. Abri a porta depois de um banho de chuva. Sacolas e boa vontade nas mãos.

3. O pé de manjericão estava caído, de tão grande. A raíz estava sendo arrancada pelo peso dos galhos e folhas. Fui obrigado a podá-lo.

4. As folhas mais tenras já vistas em minha cozinha me levaram ao melhor pesto. Uma a uma, lavei-as e tirei seus talos, para evitar o gosto amargo no molho.

5. Quebrei as cascas das macadâmias com martelo e as tostei em uma panela.

6. Bati as folhas tenras do manjericão e as macadâmias tostadas com azeite extra virgem, um dente de alho, sal e pimenta, no liquidificador.

7. Levei o molho ao fogo baixo até que mudasse de textura e a cor assumisse um tom quase fluorescente e levemente escuro.

8. Marinei tomates maduros no tempero de limão siciliano.

9. Cozinhei meio pacote de bavette em chá de flores de manjericão, louro, pimenta e sal.

10. Misturei tudo e me atirei de cabeça na primeira refeição de 2011 feita em minha casa.

Apoteose gustativa. Dedicação honesta quase sempre resulta em orgasmo.

Pode ir no Oscar Café

Morar com uma vegana não é a tarefa mais fácil do mundo, quando se é movido pela vontade de dividir a mesa com outras pessoas. Mesa de restaurante, que fique claro.
De tempos em tempos, a Vavá, uma amiga queridíssima, vem do Sul para resolver situações da vida aqui em São Paulo. Nessas movimentações, acabamos sempre nos encontrando e tendo a comida e as boas conversas como conectores dessa relação.

Como a vida é especialista em coincidências, a última vinda dela se intersectou com a visita do meu grande amigo Rike e com a disponibilidade da noite da Vane, a marida vegana. Rike e Vane são amigos de infância e eu sou um amigo que caiu de pára-quedas nessa dupla aos 15 anos de idade. Em resumo, tem muita história pra contar. O osso da noite foi juntar esse povo na mesma mesa para jantar.

Liguei para uma série de lugares e não tive muito sucesso ao desbravar os cardápios em busca de comida sem ingredientes de origem animal (premissa para ter a Vane em nossa mesa), até ligar para o Oscar Café, na Oscar Freire, 727. Fui super bem atendido e ficamos tranquilos com a flexibilidade e compreensão do lugar. Além da simpatia da atendente, tivemos a abertura total do chef em adaptar qualquer receita do menu. Sensibilidade é tudo.

Tivemos uma noite agradabilíssima, regada à fetuccinis de cogumelos para mim e o Rike, sopa de tomates com pesto de rúcula para a Vane e salmão com cuscuz marroquino para a Vavá. Pra beber: água tônica diet com gelo e limão, suco de tangerina, cerveja e suco de maçã, pêra e gengibre. Uma noite e tanto.

Dê um pulo no Oscar Café. Além de ser um lugar super charmoso, com pratos bem executados, tem uma loja no subsolo com uma série de objetos de decoração e livros. Devo confessar que o subsolo não é o foco de minha atenção, mas o restaurante é um canto a ser descoberto. Vá.


Vale a pena levar os amigos pra um papo.

Timm no E.A.T.

Recebi um email de um amigo falando sobre a semana dos restaurantes. Um evento bem interessante, principalmente, pra quem mora em São Paulo. Me empolguei com a notícia, mas acabei entrando em uma rotina nefasta de trabalho, que me impediu de pensar em uma maratona gastronômica digna de alguma honra.

Segunda de manhã, recebi um amigo escritor e redator da minha agência, André Timm, que me estimulou a dar um pé na bunda da rotina. Nessa de não deixar a vida passar, decidimos jantar em um lugar inédito para ambos. Sem grandes pretensões e na expectativa de aproveitar a promoção citada na internet, entramos no site e fizemos o primeiro filtro na busca de um restaurante de cozinha mediterrânea. Sem muito saco, acabamos optando pelo E.A.T. (detestei os pontos entre as letras), que promete uma “casual food”. Seja lá o que isso possa significar, decidimos encarar a bronca.

Chegamos em um ambiente contemporâneo e que ganhou nossa simpatia na hora. Pé direito alto, luz na medida certa, sem aperto de gente louca e sem noção. Gostamos.

Timm decidiu se encaixar no pacote da semana dos restaurantes e eu decidi fazer uma extravagância pra compensar dias sofridos de tropeços da vida. De entrada, ele encarou um carpaccio de abobrinha com amêndoas e, eu, polvo marinado no azeite com molho à base de limão, vinho branco, ceboulete, salsa, dill, mostarda de dijon e mais alguns ingredientes que o Chef Fernando Costa não se atreveu a revelar. Azar o nosso, pois foi a melhor pedida da noite. Seguimos a aventura acompanhados de moussaka de berinjela marinada, lâminas de batata e paleta de cordeiro moída. Uma lasanha para ignorantes, mas uma delícia pra gente sensível de paladar apurado. Além dessa beleza, linguini com camarões, aspargos in natura, vinho branco e ervas frescas. Um prato saboroso, mas menos expressivo que a moussaka do amigo Timm. Não sei se fui regado de algum tropeço na cozinha, mas senti uma leve desconexão entre discurso e realidade, no entanto, não me senti lesado pela experiência. Pra finalizar, bem-casado com sorvete e cheese-cake com calda de amora. Bom, bom, bom.

Diria que tive uma noite a ser levada a sério enquanto registro gastronômico do Da Boca Pra Dentro, ainda mais, depois de amaciar minhas percepções com um bom chardonnay que, apesar de novo, mandou bem na composição da noite.

Saímos de lá mergulhados no melhor papo pra um jantar de meio de semana, que representa a fuga de mentes cansadas e inquietas pela oportunidade de viver. O que posso dizer, é que não devemos, como diz meu amigo Timm, dar muita margem à procrastinação. Vamos tratar de aproveitar a vida, antes que o tempo passe.

E.A.T. Casual Food fica na rua Pedroso Alvarenga, 1026, no Itaim. Dá um pulo lá e aproveita o menu especial de carpaccios. Gostei da proposta.

Um mergulho com Vane

É incrível como a comida tomou um papel importante na minha vida, a ponto de me motivar da maneira mais genuína que se possa imaginar. Sábado de carnaval, encontrei um casal de amigas no mercado municipal de São Paulo. A Vane é uma grande amiga das antigas, filósofa, que estuda e defende a ética na alimentação, uma vegana convicta e lúcida nas suas atitudes e na busca de suas respostas. Decidi entrar na onda e me alimentar daquela atmosfera curiosa que se formou em torno dela. Passeamos pelos corredores coloridos de frutas, verduras, legumes, temperos, queijos, azeites de toda qualidade, castanhas de todos os tipos e gente experimentando esses sabores que preenchem todos os sentidos. Fiz umas comprinhas e descobri que o mercado municipal não tem nada de barato. Já tinha tempo que eu não pisava por lá, no entanto, não esperava que os preços estivessem beirando a falta de noção, como cobrar R$ 30 o quilo de caqui. Não dá, vamos combinar.

Tudo bem. Acabamos fazendo uma espécie de pique-nique numa das mesinhas do mercado, com alcachofras, cogumelos e alhos em conservas deliciosas, pasta de berinjela, pães finíssimos e crocantes e, para acompanhar, um suco de carambolas frescas pra lá de saboroso.
A Érica, namorada da Vane, precisava deixar alguns ingredientes em casa, então, saímos de carro pelo centro e ficamos dando voltas pra ver a cidade, que tava linda com a luz do final da tarde. Acabamos na Liberdade, andando pelas ruas e entrando naqueles mercadinhos cheios de tudo quanto é coisa que a gente não conhece. Tinha esquecido de como é bom mergulhar num mundo que não é seu e começar aprender com as dicas mal ditas pelas imigrantes de lá.

“Esse é tempelo. Calne, bom, bom na calne. E esse? Non non, esse não sel tempelo… Eu sei, mas o que é isso? Non é tempelo…”

A experiência em si é um barato. Você se diverte, descobre coisas novas, compra ingredientes bem mais em conta, dependendo em qual mercadinho entrar, e viaja nos costumes do povo de lá. Isso me rendeu uma sopa de cogumelos que comprei empacotada, daquelas embalagens de plástico com um monte de cogumelos desidratados, bolinhas e pedacinhos de plantas que você jamais viu na vida. Decidi fazer essa sopa para o jantar de segunda. Aquilo deve ter fervido por umas 3 ou 4 horas, mas os ditos cogumelos não amaciavam nunca! No fim, consegui um caldo saboroso, mas minha fome e falta de paciência em esperar mais, me fez mastigar os talos fibrosos de aparência demoníaca daqueles cogumelos. Sobrou, mas decidi não comer o resto, pra não tirar a mágica da “experiência única”.

Enfim, voltando pro eixo da história, acabamos no meu apartamento esperando a Érica chegar, abrimos um vinho e fiz uma vestimenta nela com um lençol – como aqueles saiotes amarrados dos indianos – e ficamos batendo papo e bebendo sem camisa. A Érica chegou e tomou um susto vendo a Vane sem camisa por trás da bancada. Parecia pelada. Aproveitamos e fizemos um belo ensaio de fotos, que estão servindo como base de algumas pinturas e desenhos que estou fazendo. Pra jantar, preparei um espaguete de abobrinha e cenoura (os legumes são cortados como espaguete, não tem massa essa receita) com shitakes tostados e molho à base de azeite e louro. Ficou bom, mas considero uma receita que precisa ser lapidada. De qualquer forma, caprichei na decoração, fazendo uma torrezinha circular com cogumelos inteiros e mini pimentas em conserva, dispostos em um belo prato branco quadrado. Bebemos duas garrafas de carmenére e deixamos a noite se tornar um registro da nossa juventude. Foi divertida, estimulante e profunda. Um daqueles encontros que jamais sai da memória.


As formas de Vane inspiraram a nova tela inacabada.

Cordeiro espetacular

Sábado foi um dia cinza, daqueles cheios de trabalho, pouca comida em casa e vontade nenhuma de fazer o que tem que ser feito. Definitivamente, um dia que você não contaria para os seus netos, se não fosse o almoço que decidi me dar de presente na tentativa de dar outra cor nesse dia desaturado.

Peguei uma revista, um caderno, uma bic velha e escolhi a melhor mesa do Empório Ravioli. Tudo para tentar agilizar o trabalho com alguma dignidade, já que se tratava de um final de semana em que a economia seguia com as garras cravadas na minha jugular. Depois de divagar em cima do cardápio com um dos bons e velhos garçons de lá, optei pelo Agnello Toscana, um cordeiro marinado no vinho branco, alecrim e especiarias, assado e servido com fettuccine no próprio molho do cordeiro e cebolas assadas. Quase pedi um punhado de milhos pra me ajoelhar enquanto comia, de tão bom. Super saboroso sem ser agressivo e pesado. A surpresa foi tão boa que pedi uma taça de vinho Santa Julia, um belo de um Malbec que, mesmo novo (2006), não deixou nada a desejar.
Não estou falando de um prato barato nem de uma refeição que se faz todo dia. Gastei R$ 93,00 no almoço, com suco de laranja, água, vinho e café, e valeu cada centavo. O ambiente é pra lá de agradável, os pratos super bem preparados e uma equipe que te atende bem e não enche o saco. Senhores que encaram ser garçom como uma profissão escolhida a dedo e isso é de se aplaudir em dias onde tem muitas empresas que decidem não investir no capital humano e gente que encara essa profissão como um bico até encontrar outra oportunidade.
Resumindo, o lugar é aconchegante, a comida é bem preparada e o pessoal manda muito bem nos serviços. Experimentem, pois vale a pena.
O Empório Ravioli fica na Fidêncio Ramos esquina com a Ramos Batista, na Vila Olímpia, e é coordenado pelo chef Roberto Ravioli. Vai, vai, vai.

Wraps me conquistou

Saudável e gostoso.

Ontem, fui ao Wraps com um casal de amigos e foi uma noite surpreendente, em papo e sabores. Fizemos uma espécie de mesa árabe – onde todo mundo come de tudo e todos os sabores passam por todas as bocas -, mas com outros quitutes. Começamos com o couvert de tiras de cenoura e pepino pra molhar em pastinhas bem saudáveis e criativas, pãezinhos e palitos de massa e uma saladinha pra acompanhar: mix de folhas, granola salgada, molho de azeite e limão. A Ju apostou na sopa fria de cenoura com gengibre. Pra ajudar a compor a mesa, pedimos lombo de atum com gergelim e molho teriaky, servido com salada de broto de feijão e mais um monte de coisas que não comi e, pelo papo delicioso, não prestei atenção. Eu, como sempre, fui na novidade, um wraps californiano com peito de peru (um filé de verdade! nada de peru fatiado) com abobrinha, tomate assado, mussarela de búfala temperada, algumas folhas e uma fina massa laranja (que suponho ser de cenoura), a Ju pediu um vegetariano com cogumelos, beringela e afins. O Renatinho já foi mais pro trash, pedindo um mexicano com um bom toque de pimenta. Todos bons, mas tive um orgasmo comendo o meu. Não sei se me peguei em um dia mais sensível, mas aquele wrap foi uma experiência e tanto. Pra acompanhar, bebi um smooth a base de abacaxi, hortelã e sorbet de limão.
Valeu muito a pena e o ambiente tava bem gostoso. Passem na Oscar Freire, quase no final, prestem atenção do lado esquerdo da rua. Vão mais tarde, os garçons te atendem mais rápido e você evita o atrolho.
Recomendo, porque é o tipo de comida que você come se sentindo feliz.

Filando comida na casa alheia

Combinei um jantar na casa dos meus primos, Celo e Lu (prima por uso capião), motivo pra um papo sobre a marca de uma companhia de teatro de um amigo deles (agora, amigo meu). Saí correndo de uma reunião e nem passar em casa pra pegar um pouco de dignidade eu consegui. Cheguei lá, janta quase pronta. Gil na cozinha e o cheiro de panquecas tomando conta do lugar. Panquecas de carne moída, gente amiga! Tem panqueca mais panqueca que a de carne moída coberta com molho de tomates? De jeito nenhum!

Comemos mal diagramados pela sala, com tv, som e computadores ligados. Um desperdício, mas tudo parecia compor bem naquele momento.

Papo bom, papo bom e a cortina se abre com panquecas de côco com leite condensado. Foi o paraíso, pra eu que tentava alguma interação social na frente do laptop encaminhando alguns e-mails. Companhia demais, trabalho demais! Começou a ficar difícil conversar, ouvir música, escrever e-mails e digerir as quatro panquecas que mandei ver. Era demais pra mim. Comecei a não fazer nada direito, nem o e-mail, nem o papo, nem a digestão. Nessas horas, é sempre bom saber a hora de ir embora. Nada de bancar o chato na casa dos outros, ainda mais quando não foi você quem cozinhou. Vim pra casa com a vontade de ficar. E lá iá!